Norris e McLaren abrem na frente em Baku
Reta de 2,2 km, muros por todos os lados e borracha ainda pouca no asfalto: foi nesse cenário que Lando Norris puxou o ritmo do primeiro treino livre do GP do Azerbaijão, garantindo a McLaren no topo e com a rara dobradinha já na abertura do fim de semana. O tom foi claro: o carro laranja se adaptou rápido ao traçado de rua de Baku e encontrou velocidade logo de cara.
O TL1 foi de ajustes finos. A McLaren alternou asas de menor arrasto para explorar a longa reta principal sem abrir mão de estabilidade no miolo. Norris pareceu confortável nas curvas de 90 graus e no setor estreito da Cidade Velha, onde é fácil errar a freada. O time trabalhou blocos curtos de voltas rápidas e pequenos stints para entender pressão de pneus e gestão de freios, sempre sensíveis aqui.
Houve o pacote clássico de Baku: vento lateral mudando de direção, alguns sustos nas curvas 1 e 15 e muito tráfego atrapalhando voltas boas. Quem pegou vácuo na hora certa ganhou décimos valiosos, e isso deve virar tema da classificação. O asfalto, ainda “verde”, castigou quem forçou cedo demais, com pequenas travadas e saídas de frente aparecendo nos onboards.
Nos pneus, as equipes dividiram o programa entre médios e macios. Os melhores cronos saíram com o composto macio, como esperado, mas a janela de aquecimento cobrou paciência: quem não trouxe temperatura certa na primeira chicane perdeu a volta inteira. A granulação apareceu em trechos longos, mas nada alarmante para uma sexta inicial.
Rivais preferiram não mostrar todas as cartas. Alguns focaram em rake, altura do carro e refrigeração de freios — ponto crítico por aqui, porque as retas prolongadas esfriam os discos e a próxima frenagem vira loteria. O ritmo de corrida só começou a despontar no fim da sessão, com tanques um pouco mais cheios e comparações de consumo de combustível ainda discretas.
Para a classificação, o jogo vai girar em torno de três coisas: encontrar o vácuo sem cair em tráfego, acertar a carga aerodinâmica mínima que não destrói os pneus no setor travado e aquecer o pneu certo no momento certo. Quem errar num desses pontos vira passageiro, mesmo com carro forte.

Baku em foco: circuito, risco e estratégia
Baku é um traçado peculiar: 6 km, 20 curvas, uma das retas mais longas do calendário e pontos de freada brutais. O trecho estreito da curva 8, no “castelo”, segue sendo o lugar em que milímetros viram centímetros — e centímetros viram toque. Freios sofrem, câmbios trabalham curto nas saídas lentas e a temperatura de pista muda rápido com o vento do Mar Cáspio.
Estratégia? A história ensina que safety car e VSC são visitantes frequentes aqui. Isso embaralha undercut e overcut, e pode transformar uma parada planejada em duas sem aviso. Em ritmo puro, a tendência costuma ser de uma parada, mas ninguém dorme tranquilo com janelas tão sensíveis a neutralizações. Gestão de freios e traseira nas retomadas após SC também é vital para não perder temperatura e aderência.
O que favorece a McLaren neste início? Tração sólida nas saídas de baixa e um carro que, quando encontra a janela aerodinâmica certa, entrega velocidade de reta sem sacrificar o miolo. Norris costuma render bem em circuitos de rua e, com o companheiro próximo, a equipe ganha referência dupla para acerto. Programa limpo no TL1 significa mais tempo de pista útil e dados confiáveis para o TL2, quando entram simulações de corrida mais longas.
No sábado, a “guerra” do vácuo deve ganhar peso: formar trens, abrir volta com distância perfeita e escapar do tráfego na última curva vai separar quem briga pela primeira fila de quem se complica no Q1. No domingo, a chave é ficar longe dos muros, cuidar do aquecimento de pneus após relargadas e não errar a conta do arrasto: demais, perde reta; de menos, perde frente no setor travado.
Pontos rápidos do TL1:
- Dobradinha da McLaren com Norris à frente, sinal de carro equilibrado nas duas metades do circuito.
- Tráfego e vácuo já decisivos; quem sincronizou abriu volta forte, quem não sincronizou perdeu tempo.
- Pneu macio entregou o melhor pico de performance, com atenção ao aquecimento na primeira metade da volta.
- Vento lateral variando, o que muda o balanço nas curvas 1, 7 e 15 e pode embaralhar a classificação.
Se a leitura do TL1 se mantiver, a McLaren entra no sábado com moral e um caderno de dados robusto. Os rivais têm espaço para reagir no TL2, quando o asfalto assenta e o combustível começa a contar a verdade do ritmo. Em Baku, porém, o detalhe manda: um vácuo bem pego, uma freada no limite ou um safety car no momento errado podem virar o tabuleiro em um instante.
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