Djokovic alerta Alcaraz e defende calendário ao vencer Cilic em Xangai

Djokovic alerta Alcaraz e defende calendário ao vencer Cilic em Xangai

Quando Novak Djokovic, tenista número 5 do ranking mundial subiu ao púlpito na coletiva do Masters 1000 de XangaiXangai, ele não poupou críticas ao espanhol Carlos Alcaraz, número 1 do mundo por questionar o apertado calendário da ATP. O duelo verbal aconteceu pouco antes da primeira partida do sérvio no torneio, contra o croata Marin Cilic, que acabou derrotado em sets diretos.

Contexto: o calendário do tênis sob pressão

Nos últimos dois anos, a discussão sobre a densidade de torneios já ocupa as salas de imprensa de maioria dos top 10. A sequência de um Grand Slam para outro, seguida de eventos ATP 500 e Masters 1000, tem gerado “pirâmides de fadiga” – expressão que apareceu pela primeira vez em entrevista concedida por Iga Swiatek em maio de 2024. Ela descreveu o período que ficou entre o US Open e o fim de temporada como "um maratona de partidas com quase nenhum tempo de recuperação".

Alcaraz, que venceu o ATP 500 de Pequim (30 de setembro de 2025), decidiu pular o Masters de Xangai para "preservar o corpo", justificando a escolha como “necessária após as lesões acumuladas”. O gesto, embora compreendido por muitos, foi recebido como “um sinal de que o calendário está insustentável” por parte de jogadores e da mídia.

Djokovic confronta Alcaraz em coletiva de Xangai

Sem mencionar diretamente o jovem espanhol, o sérvio lançou um discurso que misturava experiência e frustração. "Reclamamos, mas não investimos o tempo e o esforço necessários para mudar as coisas", disse Djokovic, referindo‑se ao histórico de debates que, segundo ele, se arrasta "há mais de 15 anos".

Ele acrescentou que "os tenistas não estão unidos o suficiente" e que "existe um forte monopólio na tomada de decisões no tênis, construído ao longo de décadas". Em tom mais incisivo, o campeão de 24 Grand Slams questionou a postura de quem critica os torneios obrigatórios mas continua a aceitar convites para exibições lucrativas: "É fácil falar, mas quando o dinheiro entra, a gente muda de ideia".

Para fechar, Djokovic destacou que "é preciso, principalmente, que os melhores jogadores se reúnam, arregacem as mangas e se preocupem de verdade" com o bem‑estar dos atletas. A fala ecoou no salão onde foram exibidos gráficos de lesões recentes – incluindo a retirada de Alcaraz de Xangai e a desistência de Coco Gauff do mesmo torneio devido a uma tendinite no ombro.

Reações de outras estrelas: Gauff, Swiatek e Sinner

Reações de outras estrelas: Gauff, Swiatek e Sinner

Logo depois, Coco Gauff confirmou que o calendário atual “precisa de revisão urgente”, citando a falta de períodos de descanso entre os eventos asiáticos como "um risco para a carreira a longo prazo".

Iga Swiatek, que terminou o ano anterior como número 1, reforçou a mesma ideia, lembrando que a Fed Cup (agora Billie Jean King Cup) também sofre com o excesso de partidas. Ela sugeriu a criação de “janelas de descanso obrigatórias” entre os blocos de torneios.

Jannik Sinner – vencedor do Masters de Xangai em 2024 – apontou para a necessidade de um "comitê de jogadores" com poder de veto sobre o calendário, algo que a ATP ainda não havia implementado.

Impacto no circuito e perspectivas de mudança

Os especialistas concordam que, se as lesões continuarem a subir, patrocinadores poderão repensar contratos. O analista esportivo Marco Ribeiro, da Globo Esporte, avisou que "um número crescente de altas performances vem acompanhado de aumentos de lesões de overuse, e isso pode comprometer a credibilidade do tour".

Além do aspecto físico, há também o custo financeiro para os atletas que viajam entre continentes quase semanalmente. Dados da ATP mostram que, em 2024, o número médio de viagens internacionais por jogador top‑20 foi de 12,5 ao longo da temporada – um aumento de 18% comparado a 2020.

Como resposta, a ATP já havia anunciado, em junho de 2025, um "Projeto de Calendário Sustentável", que inclui a possibilidade de reduzir o número de torneios obrigatórios de 13 para 11. No entanto, críticos alegam que o plano ainda não aborda a sobreposição entre eventos da Ásia e da América do Norte.

Próximos passos e o futuro do Masters de Xangai

Próximos passos e o futuro do Masters de Xangai

Com a vitória de Djokovic sobre Cilic (6‑4, 6‑3), ele avançou para as quartas de final, onde poderia enfrentar o italiano Jannik Sinner. Enquanto isso, a decisão de Alcaraz de não jogar aquece os debates nas redes sociais: tweets com a hashtag #CalendárioTénis explodiram, acumulando mais de 250 mil menções em poucas horas.

Se nada mudar, a próxima temporada – que começa em Doha em janeiro – pode ser marcada por mais ausências de figuras-chave. Para os organizadores chineses, a pressão aumenta: perder a presença do número 1 do mundo – seja por escolha ou lesão – pode afetar significativamente a audiência televisiva e os ingressos.

Resta aguardar se a "unão dos melhores jogadores" citada por Djokovic será suficiente para forçar a ATP a rever seu modelo. Enquanto isso, fãs ao redor do globo continuam a assistir, torcendo por um futuro onde o esporte seja tão competitivo quanto saudável.

  • Data da coletiva: 3 de outubro de 2025
  • Local: Centro de imprensa do Masters 1000 de Xangai, China
  • Principais críticas: falta de descanso, monopólio de decisão da ATP, lesões recorrentes
  • Jogadores envolvidos: Novak Djokovic, Carlos Alcaraz, Marin Cilic, Coco Gauff, Iga Swiatek, Jannik Sinner
  • Próxima etapa: Quartas de final do Masters 1000 de Xangai

Perguntas Frequentes

Por que Carlos Alcariz decidiu não disputar o Masters de Xangai?

Alcaraz alegou que precisava de recuperação física após lesões acumuladas em Pequim, onde venceu o ATP 500. A decisão foi vista como reflexo do cansaço causado pelo calendário apertado.

Quais são as principais acusações de Novak Djokovic contra a ATP?

Djokovic apontou um "monopólio" nas decisões de datas, falta de unidade entre os jogadores e a inexistência de um comitê forte capaz de mudar o calendário, mesmo após 15 anos de discussão.

Como a postura de Coco Gauff e Iga Swiatek reforça o debate?

Ambas reforçaram a necessidade de janelas de descanso obrigatórias e denunciaram o risco de lesões crônicas, ampliando a pressão sobre a ATP para rever o cronograma.

Qual o impacto econômico das ausências de top players nos torneios?

Estudos internos da ATP mostram queda de até 12% na receita de transmissão quando o número 1 do ranking não participa, além de redução nas vendas de ingressos e patrocínios locais.

O que a ATP prometeu fazer após a coletiva de Djokovic?

A federação reiterou o “Projeto de Calendário Sustentável”, que inclui avaliar a redução de torneios obrigatórios e abrir espaço para um comitê de jogadores com poder de decisão.

Comentários

edson rufino de souza
edson rufino de souza outubro 7, 2025 AT 22:29

O que o público não vê é que a ATP age como uma federação secreta, manipulando índices para favorecer patrocinadores e garantir lucros. Eles dizem que o calendário está apertado, mas a verdade é que todo mundo está sendo usado como cobaia para experimentos de marketing. Cada torneio obrigatório é uma peça no tabuleiro de quem controla o dinheiro, e nós, jogadores, somos apenas peões obedientes. Não é coincidência que surgiram lesões exatamente quando os contratos de mídia expiram. Enquanto isso, a torcida continua aplaudindo o show de exploração.

Bruna Boo
Bruna Boo outubro 14, 2025 AT 21:09

É fácil apontar dedos, mas ninguém realmente entende a magnitude desse caos. O discurso de Djokovic parece mais um grito de quem tenta distrair a gente da própria culpa. No fim das contas, quem decide o calendário são os mesmos que se enchem de dinheiro.

Ademir Diniz
Ademir Diniz outubro 21, 2025 AT 19:49

Concordo com a Bruna, mas também vejo que a lesão é real, mano. O corpo precisa de descanso, não de mais um torneio pra encher o bolso da ATP. Se o Dora quiser continuar ganhando, tem que escutar o corpo e parar de colar nos treinos excessivos. Vamo que vamo, sem essa correria toda.

Luziane Gil
Luziane Gil outubro 28, 2025 AT 18:29

É triste ver esses craques sofrendo, mas ainda temos esperança de mudança. Se todos nos unirmos e mostrarmos que a saúde vem primeiro, quem sabe a ATP escuta. Vamos apoiar quem precisa de pausa e cobrar soluções reais.

Jose Ángel Lima Zamora
Jose Ángel Lima Zamora novembro 4, 2025 AT 17:09

Na análise dos fatos, verifica‑se que a argumentação apresentada carece de fundamentação empírica robusta. A suposta “monopolia” nas decisões não é comprovada por documentos oficiais, limitando‑se a conjecturas. Ademais, a responsabilidade individual dos atletas, ao aceitarem convites lucrativos, merece consideração equilibrada. Portanto, concluo que a discussão necessita de dados quantitativos para validar as alegações.

Debora Sequino
Debora Sequino novembro 11, 2025 AT 15:49

Ah, claro!!! Mais um discurso cheio de “palavras‑vazias”, como sempre!!! Quem nunca ouviu promessas vazias sobre calendário sustentável???

Marcelo Monteiro
Marcelo Monteiro novembro 18, 2025 AT 14:29

A crítica de Djokovic soa como um eco antigo de um sistema que nunca mudou.
Ele acusa a ATP de monopolizar decisões, mas ignora que muitos jogadores aceitam essas mesmas condições por interesse próprio.
O calendário apertado tem raízes históricas que remontam à década de 1990, quando o turismo esportivo começou a impulsionar a frequência dos eventos.
Desde então, a lógica mercadológica sobrepôs a preocupação com a saúde dos atletas, criando uma espiral de exigência ininterrupta.
As lesões recorrentes, como a tendinite de Gauff ou as fraturas de Alcaraz, são sintomas de um organismo doente que precisa de tratamento.
O que poucos mencionam é que as federações estratégicas lucram bilhões com transmissões ao vivo, e qualquer pausa ameaça esse fluxo de caixa.
A proposta de “janelas de descanso” soa idealista, mas carece de força de voto real dentro da ATP.
Enquanto isso, os patrocinadores pressionam por presença dos top‑10 para garantir audiência, reforçando o ciclo vicioso.
O discurso de “unir os melhores jogadores” ignora que muitos desses mesmos jogadores já negociam contratos individuais que privilegiam exposição sobre bem‑estar.
A história nos mostra que reformas profundas só surgem quando a crise atinge níveis insustentáveis, como ocorreu com o basquete nos anos 2000.
Se a comunidade tenística continuar a aceitar o status quo, o desgaste físico se tornará inevitável e a competitividade será comprometida.
A solução, portanto, passa por uma governança compartilhada, onde jogadores, dirigentes e patrocinadores deliberem conjuntamente sobre o calendário.
Uma votação real, com veto dos atletas sobre alterações, poderia equilibrar interesses comerciais e humanos.
Até lá, continuaremos a assistir a partidas impressionantes, mas com o risco constante de que estrelas desapareçam prematuramente.

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