Cruzeiro vê chance de título aumentar após tropeços de Flamengo e Palmeiras

Cruzeiro vê chance de título aumentar após tropeços de Flamengo e Palmeiras

Quando o Flamengo perdeu por 2 a 0 para o Fluminense no Maracanã, e o Palmeiras empatou em casa com o Esporte Clube Vitória, os torcedores do Cruzeiro respiraram fundo. Não foi só alívio. Foi esperança. A possibilidade de título do time celeste saltou de 1,4% para 3,5% — números calculados pelo Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). E agora, tudo depende de um jogo: Cruzeiro x Juventude, nesta quinta-feira, 20 de novembro de 2025, às 16h, no Estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul.

Um cenário quase impossível — mas não impossível

Hoje, o Flamengo lidera com 71 pontos, o Palmeiras está com 69, e o Cruzeiro, com 65. Parece distante. Mas o desempate por vitórias é o grande empecilho: os dois líderes têm 21 triunfos cada; o Raposa, só 18. Isso significa que, mesmo se o Cruzeiro vencer todos os quatro jogos restantes e chegar a 79 pontos, o título só virá se os rivais falharem — e muito. O Flamengo não pode somar mais de sete pontos nos quatro jogos que restam (ou seja, no máximo duas vitórias, um empate e uma derrota). O Palmeiras, por sua vez, não pode passar de nove pontos (três vitórias e uma derrota, no máximo).

É um cenário de filme. Um time que não conquista o Brasileirão desde 2003, quando derrotou o Santos na final, agora tem um fio de esperança. E não é só emoção. É matemática. E a UFMG não brinca. Os cálculos levam em conta todos os resultados anteriores, desempenho recente, média de gols, deslocamento e até o histórico de desempenho em jogos fora de casa. O Cruzeiro, por exemplo, tem uma média de 1,8 ponto por jogo fora de casa — melhor que o Palmeiras nos últimos cinco jogos como visitante.

O que falhou no Palmeiras?

Se o Flamengo perdeu por descuido, o Palmeiras perdeu por apatia. O técnico português Abel Ferreira, que já levou o clube ao título da Libertadores em 2020 e 2021, foi claro na coletiva: "Tivemos 45 minutos de avanço, fomos passivos. Faltou a agressividade." Ele citou o jovem Allan, de 20 anos, como exemplo: "O que ele faz — correr, arriscar, perder a bola — temos de fazer. Não podemos só tocar para trás e para o lado."

Essa foi a terceira partida seguida sem vitória do Palmeiras no Brasileirão. Antes do empate com o Vitória, o time perdeu para o Atlético-MG e para o Grêmio, em jogos decisivos. A equipe sofreu três mudanças desde o duelo contra o LDU, em Quito, na Libertadores — com Bruno Fux e Maurício entrando no lugar de Rafael Veiga. Mas a alma do jogo não voltou. O ataque, que antes parecia implacável, agora parece cansado. E o nervosismo se espalhou entre os torcedores.

A pressão no Cruzeiro

Enquanto isso, em Nova Lima, na Toca, o técnico Leonardo Jardim fechou os portões do centro de treinamento. Nada de mídia. Nada de distrações. Apenas futebol. O português, que já venceu títulos em Portugal e França, sabe que esta é a sua maior chance no Brasil. E não está disposto a desperdiçá-la.

A diretoria, liderada pelo presidente Sergio Santos Rodrigues, mantém uma sala de monitoramento com cinco analistas trabalhando em tempo real. Eles acompanham não só os resultados dos rivais, mas também o estado físico dos jogadores. O time celeste tem apenas 19 jogadores disponíveis para a rodada — e dois deles, o zagueiro Bruno Alves e o meia Dudu, estão com risco de lesão. Mas Jardim não quer desculpas. "Se a chance é 3,5%, vamos fazer o que 96,5% não fizeram: acreditar até o último segundo." O calendário da loucura

O calendário da loucura

Se o Cruzeiro vencer o Juventude, o próximo desafio é o Sport Club Corinthians Paulista, em casa, no dia 23 de novembro. Depois, o time viaja para o Ceará, enfrenta o Ceará Sporting Club no dia 26, e fecha a campanha com o Botafogo em casa e o Santos fora, em 3 de dezembro.

Já o Palmeiras, que tem um jogo contra o Ferroviária (feminino) pela Copa do Brasil na mesma quinta-feira, enfrenta o Ceará no dia 23, o Atlético-GO no dia 27, o Coritiba em 30 e o Grêmio em 3 de dezembro. O Flamengo, por sua vez, encara o Athletico-PR, o São Paulo, o Bahia e o Ceará — todos fora de casa. Nenhum jogo fácil. Mas todos mais fáceis do que os do Cruzeiro.

Por que isso importa?

Porque o futebol brasileiro não é só sobre pontos. É sobre história. O Cruzeiro é o terceiro clube mais vitorioso da história do Brasileirão, com cinco títulos. Mas desde 2003, vive um jejum que pesa na alma dos torcedores. Em Minas Gerais, o time é mais do que um clube: é identidade. E agora, com a torcida nas ruas, nas redes, nos bares de Belo Horizonte, tudo parece possível — mesmo que a matemática diga o contrário.

Na quarta-feira, o Maracanã ficou em silêncio. O Allianz Parque, em São Paulo, gritou por mais. Mas o estádio que mais vibra hoje é o Alfredo Jaconi. Porque ali, em Caxias do Sul, o Cruzeiro vai tentar escrever uma página que ninguém acreditava que pudesse ser escrita.

Frequently Asked Questions

Como o Cruzeiro pode conquistar o título se está atrás de dois times com mais vitórias?

Mesmo com menos vitórias, o Cruzeiro pode vencer o título se chegar a 79 pontos — o que exige quatro vitórias consecutivas. Nesse cenário, o Flamengo e o Palmeiras precisam somar, respectivamente, no máximo 7 e 9 pontos nos seus quatro jogos restantes. Se isso acontecer, o critério de desempate por pontos vence o de vitórias, e o Cruzeiro seria campeão mesmo com 18 vitórias contra 21 dos rivais.

Por que o Palmeiras está perdendo o ritmo?

O Palmeiras sofre com fadiga e falta de agressividade. Após a maratona da Libertadores, o elenco não se recuperou bem. Abel Ferreira admitiu que o time ficou passivo, evitou riscos e perdeu o ritmo de jogo. Além disso, as mudanças na escalação, como a saída de Rafael Veiga, afetaram a fluidez do meio-campo. O time ainda é forte, mas perdeu a confiança nos momentos decisivos.

Quem são os principais jogadores que podem decidir os últimos jogos do Cruzeiro?

O atacante Lucas Silva, com 14 gols na temporada, é o principal artilheiro. O meia Guilherme Bala tem sido decisivo nas assistências, e o volante Matheus Nascimento tem dominado o meio-campo nas últimas rodadas. Defensivamente, o zagueiro Matheus Sávio tem se destacado como líder da defesa, mesmo com a pressão de lesões no grupo.

O que acontece se o Cruzeiro empatar ou perder contra o Juventude?

Se o Cruzeiro não vencer, suas chances caem para menos de 0,5%. Mesmo que os rivais continuem perdendo, a diferença de vitórias e o calendário apertado tornam a recuperação quase impossível. A equipe teria que vencer todos os jogos restantes e ainda depender de três derrotas simultâneas dos dois líderes — algo que a UFMG considera estatisticamente inviável.

O Flamengo ainda é favorito, mesmo com a derrota?

Sim. Mesmo com a derrota para o Fluminense, o Flamengo ainda tem a melhor campanha geral: 71 pontos, 21 vitórias, 15 empates e apenas 6 derrotas. A defesa é a mais sólida da competição, com apenas 22 gols sofridos. Se recuperar o ritmo, ainda é o maior favorito. Mas o futebol não é só sobre números — é sobre momentos. E o Cruzeiro, agora, vive um deles.

O que o título de 2025 significaria para o Cruzeiro?

Seria o fim de um jejum de 22 anos — o maior da história do clube. Além de devolver a credibilidade ao time, o título garantiria vaga na Libertadores, reforçaria a economia do clube e fortaleceria a identidade dos torcedores. Em Minas Gerais, onde o futebol é religião, um título assim não é só esporte: é redenção.