Desligamento dos motores segundos após decolagem: o que revelou o relatório
Uma tragédia envolvendo o voo AI171 da Air India chamou atenção global não só pelas vidas perdidas, mas também pelas reviravoltas na investigação. Segundo relatório da Agência de Investigação de Acidentes Aéreos da Índia (AAIB), os dois switches responsáveis pelo fluxo de combustível dos motores foram posicionados em "cut-off" — ou seja, cortando o suprimento de combustível — poucos segundos após a decolagem em Ahmedabad, com destino a Londres.
O Boeing 787-8 Dreamliner caiu apenas 33 segundos após deixar a pista, atingindo um alojamento médico e resultando na morte de 241 pessoas a bordo e mais 19 em solo. As gravações de áudio da cabine mostram que, logo após a perda de potência, um dos pilotos questionou o outro sobre o motivo do corte de combustível. O colega negou ter sido o responsável. Detalhe curioso: após o acidente, ambos os switches foram encontrados na posição "run", sugerindo tentativas desesperadas de religar os motores no momento derradeiro.

Clima de tensão: pilotos experientes, dúvidas no ar e críticas à investigação
Os dois pilotos da aeronave acumulavam juntos mais de 19 mil horas de voo, o que reforça a perplexidade sobre o ocorrido. Ao analisar o áudio da cabine, fica claro que houve confusão, possivelmente agravada pelo curto intervalo entre a decolagem e a emergência repentina.
Especialista em segurança de aviação, Anthony Brickhouse, levantou uma questão espinhosa: teria sido o desligamento dos switches feito de forma acidental, ou haveria intenção por trás do ato? Essa pergunta ecoou com força no meio global da aviação, pois um erro tão crucial é raro num cockpit tão experiente, ainda mais em um modelo novo como o Dreamliner.
O acidente já é histórico por outro motivo: esse foi o primeiro desastre fatal com o Boeing 787 desde sua estreia em 2011, uma estatística que, sem dúvida, põe o modelo sob ainda mais escrutínio.
Ao mesmo tempo, a Associação de Pilotos da Índia (ALPA) reagiu com veemência ao que considerou uma "tendência investigativa" de culpar rapidamente os pilotos. A entidade pediu mais transparência e exigiu que aviadores independentes e experientes acompanhem cada etapa do processo, evitando atalhos e conclusões precipitadas que poderiam mascarar falhas sistêmicas da empresa ou do próprio sistema de segurança.
Em meio ao luto e à indignação, apenas uma pessoa sobreviveu ao desastre: um passageiro britânico-indiano que ocupava o assento 11A. Ele segue internado, símbolo de um acidente onde sobreviventes se contam nos dedos — e os motivos por trás dele ainda precisam de respostas sólidas.
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