Fraude bilionária nos benefícios do INSS: o que mudou para aposentados e pensionistas
Não é de hoje que aposentados e pensionistas do INSS sofrem com descontos misteriosos no extrato do benefício. A surpresa agora é o tamanho do rombo: uma investigação revelou que pelo menos R$ 6,3 bilhões foram descontados entre 2019 e 2024, por entidades que nem sempre tinham autorização dos beneficiários. O susto ficou maior depois que vieram a público detalhes da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrada em 23 de abril de 2025. O enredo envolve 11 associações e sindicatos suspeitos e uma enxurrada de casos levantados pelo governo federal.
A quem interessa tanta cobrança? Muita gente recebeu no holerite descontos de valores pequenos, de associações e sindicatos que prometiam serviços, apoio jurídico ou assistência. Só que muitos aposentados nunca pediram para participar de nada e nem conheciam essas entidades. O volume de pedidos de exclusão desses descontos assusta: apenas nos três primeiros meses de 2024, o INSS recebeu quase 5,4 milhões de solicitações pela plataforma Meu INSS.

Corte imediato nas cobranças e promessa de ressarcimento
Diante da proporção do escândalo, o governo decidiu agir. O Ministério da Previdência Social anunciou que todos os descontos de associações e sindicatos nos benefícios serão suspensos a partir de maio de 2025. Isso significa que nenhuma entidade desse tipo vai poder descontar qualquer valor seu sem que você peça, e os descontos já agendados simplesmente não vão ocorrer.
O impacto dessa decisão é relevante para quem depende do benefício mês a mês. O Diretor do INSS, Débora Floriano, confirmou a suspensão e afirmou que qualquer desconto já identificado pode ser cancelado online, pelo site ou aplicativo do Meu INSS. O antigo presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, inclusive, caiu em meio ao escândalo e pediu exoneração.
Quem já teve valores descontados de forma indevida aguarda um plano de reembolso. Segundo Vinicius Marques de Carvalho, Ministro da CGU, o governo só vai conseguir definir como e quando será feito o ressarcimento depois que o total do prejuízo for levantado. Não há prazo definido. Mas a polícia e a CGU continuam apurando quais entidades participaram do esquema, prometendo recuperar parte dessa grana desviada.
O conselho, agora, é simples: todo mundo que recebe aposentadoria ou pensão precisa consultar regularmente o extrato no Meu INSS. Caso veja algum desconto estranho, dá para cancelar pelo próprio sistema, sem burocracia. O governo garante que novos casos não sofrerão descontos daqui pra frente – pelo menos dos sindicatos e associações, claro.
Com a fraude exposta e a suspensão das cobranças, fica mais difícil empresas e intermediários agirem contra quem mais precisa de proteção e informação. A digitalização do processo facilita a vida, mas não resolve tudo: quem não acessa a internet ainda precisa de apoio de familiares, vizinhos ou mesmo atendimento presencial para garantir que ninguém mexa no seu dinheiro sem autorização.
Escreva um comentário: